O Mundo Espiritual, também conhecido como Outro Lado, Vida Após a Morte, Mundo Escondido e Mundo Astral, existe em sobreposição ao Mundo Físico como realidade complementar. É um mundo de energia e potencial criativo, emoção e pensamento, onde reside a ideia e o etéreo, o intangível, onde nasce e reside o espírito de todas as coisas. Este mundo, juntamente ao Mundo Físico, compõe a existência, a criação, o próprio universo.
Tudo o que existe têm um espírito, uma essência, alma, conceito ou ideia por trás daquele “objeto” enquanto algo que existe e esta essência, este espírito, reside no Mundo Espiritual. Toda criatura, objeto e local tem um espírito.
O Mundo Espiritual, tal como o Mundo Físico, não se resume apenas a uma coisa, mas sim a um coletivo de localidades, ou, melhor dizendo, um coletivo de reinos distribuídos por esta realidade de forma confusa e mutável para aqueles nativos do Mundo Físico. Não há como explicar o Mundo Espiritual partindo de preceitos físicos ou lógicos. O Mundo Espiritual que se apresenta para um indivíduo pode ser completamente diferente daquele que se apresenta para outro.
Isto acontece dada a natureza empática deste mundo. Seus desejos, suas emoções, sentimentos guardados e alimentados ou mesmo uma fração de pensamento têm mais poder neste mundo do que em sua contraparte física e a vontade ou crença de um indivíduo é o suficiente para a mudar a realidade que o cerca – não necessariamente o Mundo Espiritual como um todo mas, em termos fisicos, aquela fração do Mundo Espiritual que você ocupa. Você é transferido de um “reino” para outro ao mudar o Mundo Espiritual. Em muitos aspectos, à primeira vista, este mundo não se difere tanto do Mundo Físico – paisagens, florestas, montanhas e até cidades estão presentes, mas nada nesta realidade existe de forma concreta. Tudo é ideia, tudo é espírito, tudo é potencial de existência, nunca a existência em si. A contraparte espiritual de um campo aberto, por exemplo, poderá parecer concreto o suficiente, talvez idêntica à sua contraparte física, mas tudo aquilo que pode existir além daquele campo não passam de ideias, que se apresentam como formas simples de sua contraparte física, como um esboço. Mantendo-se ao exemplo do campo aberto, as montanhas vistas no horizonte distante parecerão muito mais distantes e nebulosas do que se vistas através da contraparte física desta paisagem. No Mundo Espiritual, nada existe em sua totalidade até que você toque com sua própria alma. Conceitos como espaço e tempo não existem aqui.
A maioria das pessoas só visita o Mundo Espiritual apenas duas vezes em sua existência – antes do nascimento, quando seu espírito é concebido pela primeira vez a partir da fonte primária, que é o Mundo Espiritual, e após a morte, quando este retorna ao fluxo de energia espiritual que envolve o Outro Mundo. Mas, entre os dois mundos, existe um espaço limiar – o Interstício. Um ponto de cruzamento entre os dois planos de existência, um primeiro contato entre a potencialidade de criação e a criação.
O Interstício é composto por flutuações suaves de energia espiritual que, por sua vez, em contato com o Mundo Físico, ganham formas ou imitações de formas. É através do Interstício, que os espíritos acessam o Mundo Físico, é por ele que caminham os fantasmas dos que já partiram, por exemplo, e por onde demônios acessam nosso mundo através do Mal e do Mal Potencial que carregamos conosco.
O Interstício não pertence, verdadeiramente, a nenhum dos dois mundos e, ao mesmo tempo, pertence a ambos. Algumas pessoas podem interpretá-lo como um espaço mais seguro do que outras camadas mais profundas do Mundo Espiritual, mas é aí que reside o perigo: ao entrar, a mutabilidade do Mundo Espiritual entra em ação como resposta aos seus pensamentos e sentimentos – você não pertence a este mundo. Sua natureza física, acostumada à realidade física, poderá se tornar uma armadilha para você, forasteiro, que não tem ciência da complexidade deste Mundo com que você está brincando. Ou você “afundará”, sugado por esta realidade, ou ela o envolverá – eles virão até você. Torça para que não sejam demônios ou fantasmas.
O Mundo Espiritual é assunto de debate especial entre magos, filósofos e outros estudiosos. A maioria entrará em um consenso de que este mundo, de ideia e pensamento e espírito, pode ser categorizado, dividido e subdividido em camadas, diferentes mundos, ou reinos, contidos em um único plano. O Interstício seria a “camada entre camadas”, em perfeito alinhamento com o Mundo Físico, e os outros reinos do Mundo Espiritual comporiam camadas inferiores e superiores, orbitando o, ou organizadas acima e abaixo do, Interstício, que muitas crenças podem associar às ideias de Céu, Inferno e Purgatório. A verdade é que buscar lógica por trás da organização deste mundo é uma verdadeira tolice. É, sim, verdade que o Interstício representa o primeiro contato entre os dois mundos, mas a distribuição entre reinos superiores e inferiores só faria sentido se estivéssemos fazendo referência aos nossos pensamentos, sentimentos, vontades e instintos superiores e inferiores. Pois é assim que, em resposta a nossa presença, o Mundo Espiritual age.
A Magia é compreendida como sendo resultado da fricção entre o Mundo Espiritual e o Mundo Físico. Esta fricção, que se dá através do Interstício, gera energia mágica, também chamada Mana, que é diferente de energia espiritual. A energia mágica é, em termos simples, conversão da energia espiritual para o Mundo Físico, como um reflexo da ideia (espírito) do elemento. A energia mágica permeia todas as coisas existentes. Tudo aquilo que existe está suscetível à magia e tem magia como parte de si.