Humanidade é um termo guarda-chuva que faz referência às raças da espécie humana que habitam o Mundo Conhecido. Exatamente, raças humanas. Embora hajam controvérsias no que diz respeito ao senso comum, a maioria das raças que, hoje, habitam o mundo compartilham um mesmo ancestral em comum, cuja natureza e fisionomia são desconhecidas, mas cujas marcas de seu comportamento, por exemplo, se fazem presentes ainda hoje.
Este ancestral nasceu na escuridão das cavernas, das sombras e do barro, atraído pela luz do mundo exterior e, quando confrontado pelo mundo hostil em que havia se inserido, recorreu aos poderes maiores e mais antigos que regem os diversos aspectos do mundo — assim, descobriu-se a fé e o papel que esta representa em cada ser humano: uma força capaz de preencher um vazio que reside em cada um.
Estudiosos afirmam que a fé é uma forma primitiva de se compreender a magia e que deuses são a manifestação mais primitiva desta energia espiritual-mágica. Quando os humanos recorrem ao sagrado, e este atende, entende-se o fenômeno como uma muleta divina que serve aos humanos.
Muito pouco se sabe sobre este ancestral compartilhado pelas raças humanas, mas algumas hipóteses a cerca de sua aparência, por exemplo, podem ser levantadas com base na observação das raças atuais. É possível tomar nota também da forma como estes povos antigos viviam – anões, por muito tempo, preferiram as profundezas, enquanto os gigantes odeiam espaços apertados ou ao nível do mar, almejando sempre as alturas; homens-jovens estão em um meio termo, sentem-se confortáveis com seus lares, mas sempre desejam conhecer mais; por outro lado, a maioria dos elfos não suporta o sedentarismo. Talvez, uma herança deixada por seus antepassados? Veremos…
Importante citar que a adaptação desses Ancestrais não ocorreu de forma espontânea ou natural, mas sim de forma milagrosa. Foi durante este período de dificuldades, que os nossos ancestrais conheceram os agentes invisíveis que olhavam por nós. Estes agentes, espíritos, divindades, ouviram as preces destes povos e atenderam-nas, presenteando-os com características únicas que os auxiliassem em sua sobrevivência. Estes atributos únicos, e o custo a ser pago por eles, é o que torna cada raça da espécie humana única.
Os ancestrais dos Duarani, popularmente chamados de Anões, sempre preferiram as profundezas das cavernas – mas isso não significava conforto. Quando perceberam-se capazes de criar ferramentas que os ajudassem no trabalho, começaram a cavar cada vez mais fundo e fundaram suas primeiras comunidades abaixo do solo, sob as montanhas.
Definitivamente, não eram covardes. Acontece que, antes que optassem pelas profundezas, tentaram deixar suas cavernas e explorar o mundo externo, mas haviam aqueles maiores, mais fortes e perversos que os perseguiam, os violentavam, escravizavam e até os comiam como petiscos.
Mesmo quando se isolaram em suas comunidades subterrâneas, não encontraram a paz – os gigantes continuavam perturbando suas vidas. Por conta disso, os antigos anões deixaram as terras brutais e geladas do Extremo Norte para se aventurarem entre as colinas e gramados férteis do Continente Ocidental, guiados pelos espíritos da terra.
A vida subterrânea não era fácil – por isso, este povo teve de se adaptar, se tornar mais forte, mais resistente, menos exigentes. Os Duarani dependiam quase que exclusivamente da caça, entre os túneis que escavavam, para se alimentar. Serviam-se de tudo aquilo que lhes parecesse minimamente comestível e isso gerou pessoas resilientes, pouco afetadas por venenos ou intoxicação, e bem acostumados a recursos escassos. Por isso, os anões são conhecidos por sua força descomunal, pele rígida como rocha, estrutura óssea densa e pesada e pouca fome.
Curiosamente, são simplesmente incapazes de aprender a nadar. Afundam antes que possam pensar em reagir. Péssimos marinheiros.
Dizem os estudiosos que os duarani, acostumados à vida nas cavernas, não tinham conhecimento sobre a arte da agricultura e não confiavam nos espíritos que lhes oferecessem estes ensinamentos, mas sim em uma gente de pernas compridas, mas muito simpática e boa de lábia, ao contrário dos perversos gigantes, e os duarani valorizavam estes atributos. Assim, aprenderam com estes humanos, que eram um tanto covardes, a arte de plantar e colher; em troca, os ensinaram a arte de criar ferramentas e erguer casas e fortes.
Dizem que este primeiro contato se deu quando os homens jovens perceberam que caminhos de terra haviam sido traçados no solo que, se seguidos, os levavam a pequenas fortalezas de pedra e madeira, onde havia muita comida e fartura estocada. Aqueles pequenos peludos haviam aprendido a conservar comida e recursos para períodos de grande escassez. Sim, os anões foram os responsáveis por pavimentar as primeiras estradas que conectam as cidades, vilas e fortes do Continente Ocidental. Até hoje, anões e homens-jovens mantém uma boa relação.
É comum entre os duarani deixarem suas barbas crescerem, pois é sinal de grande fartura e o que eles chamam de duarf, termo que se refere aos atributos e qualidades mais apreciados em um duarani, como a força física e a capacidade de liderar e viver em comunidade, semelhante ao conceito de virilidade masculina dos humanos, com a diferença que o duarf é um atributo associado tanto a homens, quanto a mulheres duarani. Então, mesmo entre as mulheres, deixar a barba crescer é uma prática comum entre as comunidades que bebem mais da tradição e cultura enânicas.